“Faço, logo existo” – Encontro SGB Lab incentiva aprender prototipar e prototipar para aprender
Por Bibiana Beck, Social Good Brasil
De 12 a 14 de junho, participantes do SGB Lab 2015 se reuniram em uma imersão em Florianópolis para o primeiro encontro presencial do laboratório. Os dias foram um mergulho intenso na metodologia Design Thinking. O workshop foi facilitado pelos especialistas Edgard Stuber e Reinhold Steinbeck, da IntoActions, que introduziram o processo de inovação para os empreendedores sociais.
“Faço logo existo”
Quando o assunto é Design Thinking, esqueça o “Penso logo existo” que Descartes disse. O negócio é colocar a mão na massa. E foi neste clima que começou o encontro focado nesta metodologia inovadora, que é aplicável não apenas para projetos sociais, mas em todos os aspectos da vida da pessoas.
Com três objetos improváveis, os participantes foram convidados e construir um objeto que fizesse sentido, que pudesse ser explicado. Foi o primeiro protótipo (de muitos!). Depois do desafio da construção, houve a proposta de assistir a desconstrução do projeto. Um convite a desapegar das ideias, romper com modelos mentais e preparar-se para focar no problema e no usuário.
Outra lição importante é que restrições são importantes para o processo criativo. Os desafios e exercícios têm prazos curtos e acontecem com poucos recursos. O objetivo disso? Reduzir o tempo de planejamento e incentivar que as pessoas partam para a ação, favorecendo a inovação instintiva. “Se você começa a fazer, a solução aparece”, concluiu Amanda Busato, umas das labbers.
Antes mesmo do encontro, os labbers tiveram o desafio de estudar o problema social que gostariam de resolver e o público-alvo, e traduzir em uma apresentação gráfica e um pitch de 3 minutos. Cada equipe apresentou sua iniciativa e deixou seus cartazes pendurados nas paredes. Todos os participantes foram convidados a dar feedback para os colegas usando post its. Colaboração na prática.
Empatia: o segredo para soluções centradas no usuário
A parte da tarde foi separada para teoria e exercícios práticos para entrevistas mais empáticas e profundas. A triangulação da empatia é entrevistar, observar e vivenciar. Empatia, nada mais é, do que entrar nas emoções dos outros. Isso permite antecipar necessidades e planejar a frente. É uma habilidade restrita aos seres humanos. Para aprender a ouvir e observar, é necessário suspender o julgamento e ouvir histórias.
Os labbers se dividiram em duplas e se entrevistaram sobre a cotidiana experiência de ir ao supermercado. Quais são os problemas que enxergam nesse contexto? Feitas as entrevistas, era a hora de fazer inferências, levantar hipóteses e definir um problema pensando no usuário.
O brainstorm de soluções, neste momento, foi individual. O objetivo era criar o maior número possível de soluções, com foco na quantidade de ideias, não na qualidade. O primeiro protótipo era gráfico. Desenhar a solução sem usar linguagem escrita. Depois de apresentar para a dupla e receber feedback, foi o momento de tornar o protótipo 3D.
Uma vez criadas as soluções individuais, os grupos foram novamente reunidos para integrar as soluções imaginadas. Ideias diferentes para um mesmo ambiente se mesclaram e aprimoraram, resultando em um produto final.
Vamos partir para problemas reais?
O segundo dia começou com a visita a cinco ONGs de Florianópolis, para exercitar a capacidade de realizar entrevistas em profundidade, observar e vivenciar suas realidades. Cada grupo visitou uma organização diferente. O processo do dia anterior foi repetido, agora com profissionais das instituições e pessoas atendidas.
Durante a tarde, os grupos discutiram as informações colhidas em campo, levantaram hipóteses, identificaram problemas e desenharam soluções. Aplicando Design Thinking e praticando empatia, delimitaram personas e criaram soluções e protótipos focados neste usuário.
Ao final do processo, a parte mais importante para o aprendizado: aprender a receber feedback. Participaram das apresentações quem conhece a fundo a rotina das organizações, a psicóloga Mariana, da casa de acolhimento Darcy Vitória de Brito e as diretoras da orquestra comunitária Novo Alvorecer, Magda e Luciane.
A importância do feedback
A manhã de domingo serviu para repensar as atividades do fim de semana e aprofundar ainda mais a metodologia de Design Thinking. Reflexões sobre as entrevistas e os feedbacks a respeito das soluções trouxeram insights que foram aplicados durante a tarde: quando os labbers finalmente começaram a refletir sobre a aplicação dos aprendizados em seus próprios projetos e iniciativas.
“Design thinking sempre me pareceu um bicho de milhares de cabeças. Aqui no SGB Lab vocês passaram o processo de uma forma muito simples, que se encaixa a qualquer tipo de projeto”, afirmou Graziella Iaccoca. “Foi muito eficiente, nenhum contato com o assunto foi tão incrível”, concluiu.
“Inovação é um fenômeno social. Justamente quando eu achava que tinha visto tudo, eu cheguei aqui, troquei ideias e deu uma luz ao meu projeto. Uma das melhores decisões que eu já tomei na minha vida foi fazer minha inscrição no SGB Lab”, afirmou Vanderli Junior, outro participante.
Esse foi só o começo. Agora os labbers irão trabalhar em cima de um desafio, usando os novos aprendizados para ajudar a desenvolver ainda mais a sua inciativa.
Para o sucesso das dinâmicas, o grupo de labbers foi dividido em duas turmas para este primeiro encontro. Por isso, no próximo final de semana vamos fazer tudo isso novamente para apoiar ainda mais ideias com potencial de impacto positivo e empreendedores sociais com perfil inovador, que usam a tecnologia para resolver problemas sociais.
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