SESI Santa Catarina trabalha com IntoActions para projetar soluções para melhorar segurança para ciclistas no campus de Stanford

Como você apresenta o conceito de design centrado no ser humano para participantes de um boot camp de 3 dias sobre Design Thinking promovendo segurança para ciclistas no campus de Stanford?  Você bota-coloca os participantes na bike mesmo, distribui capacetes, dá algumas instruções, e logo manda os participantes para o chamado “círculo da morte” durante a hora do rush.

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Pegando as bicicletas e se preparando para a imersão. (Foto © Reinhold Steinbeck)

Na semana passada trabalhei com o programa MediaX na Universidade de Stanford, dando um bootcamp de 3 dias de design thinking para um dos seus membros afiliados do Brasil, SESI-SC. O MediaX é o programa industrial afiliado do Instituto H-STAR, e ajuda seus membros a explorarem o uso da tecnologia para melhorar a experiência humana em diversas áreas, desde o entretenimento ao comércio.  O SESI-SC é o Serviço Social da Indústria no Brasil, neste caso baseado no estado de Santa Catarina. O SESI-SC tem um interesse especial em tecnologia que pode ser usada para fazer com que o comportamento humano seja mais seguro e saudável.

Quando realizamos nossos bootcamps de vários dias no IntoActions, sempre temos um cliente que oferece um desafio verdadeiro da vida real. Logo usamos esse desafio como veículo para apresentar o processo de design thinking, principios chaves, ferramentas e técnicas que dão aos participantes uma oportunidade para trabalhar em equipe e aprender botando as mãos na massa.

Melhorar a segurança para ciclistas no campus da Stanford era o desafio ideal para este bootcamp, e o nosso cliente era o Departamento de Segurança Pública desta universidade. Segurança para ciclistas não foi abordada apenas pela ligação ao interesse do SESI em assuntos relacionados a segurança no trabalho e saude; senão, também representa uma preocupação para o Departamento de Segurança Publica da Stanford. Existem cerca de 20.000 bicicletas no campus de Stanford, e o Departamento estima que mais de 300 ciclistas são gravamente feridos enquanto pedálam pela cidade a cada ano.

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O Deputado Adam Cullen, do Departamento de Segurança Pública da Stanford, apresentando o desafio à delegação brasileira. (Foto © Reinhold Steinbeck)

O Deputado Adam Cullen, o representante do Departamento de Segurança Pública que apresentou o desafio para a delegação SESI-SC no começo do bootcamp, mencionou que tem três questões fundamentais quanto à segurança para ciclistas no campus: muitos alunos não usam capacete; um número elevado de bikes não tem luzes; e os ciclistas não param em interseções e não seguem outras leis de trânsito. Durante o segundo dia do bootcamp, participantes aplicaram várias ferramentas e técnicas de design thinking para entender o problema melhor. Entrevistaram dezenas de ciclistas, pedestres, e motoristas, e usaram seus celulares e cameras para fotografar os ciclistas nas ruas, especialmente nos chamados hot spots no campus, como as rotatórias novos que os alunos chamam de “círculos da morte”. Várias equipes presenciaram acidentes de bicicleta durante suas pesquisas de campo.

Para cultivar empatia com os principais interessados — neste caso, os pedestres e motoristas — não é suficiente falar com eles e observá-los. Pedimos para os participantes irem mais fundo para melhor entenderem a situação para qual teriam de desenvolver uma solução.

Já tinham feito o papel de pedestres no campus, e vivenciaram a experiência de andar no meio de milhares de bicicletas no rush entre os horários de aulas.  No segundo dia, alugamos bicicletas para todos os participantes; demos capacetes e uma introdução ao campus e algumas questões chaves relacionadas à segurança na rua, e os despachamos para pedalarem por três horas nas ruas. O objetivo era que eles entendessem a experiência de ciclistas no campus.  Chamamos essa abordagem de “triangulação para empatia”: (1) o que as pessoas dizem estar fazendo; (2) o que as pessoas fazem de verdade?; (3) o que as pessoas sentem e vivem.

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Participantes trabalhando fora da loja de bicicleta da Stanford para entender as informações que coletaram. (Foto © Reinhold Steinbeck)

Depois da sua “imersão de campo”, as equipes ficaram no contexto e usaram várias ferramentas e técnicas para melhor entender e organizar as informações que tinham coletado nas ruas. Um dos aprendizados chave era que a questão de desenhar uma solução para segurança para ciclistas iria muito além de capacetes ou luzes inovadoras.

No final do bootcamp de 3 dias, as soluções criadas pelas equipes do SESI-SC foram apresentadas para o Departamento de Segurança Pública. Rick Rondeu, um sargento deste departamento, se impressionou com um capacete que se dobrava como um guarda-chuva. A equipe aprendeu que os alunos se incomodam de levar capacetes para aulas;  porém, quando deixam o capacete com a bicicleta, correm o risco de roubo.  A ligação com o desenho do guarda-chuva representou uma analogia excelente — uma técnica poderosa com design thinking para desenvolver soluções unicas e inovadoras.